De acordo com a mais recente edição do “Global Family Office Report”*, do banco UBS, em média, uma família com patrimônio suficiente para ser atendida por essas estruturas (normalmente muitas dezenas de milhões de Reais, no mínimo) investe mais de 40% de seu patrimônio em ativos considerados alternativos, como Private Equity, Imóveis, Hedge Funds, ativos judiciais, como precatórios, entre outros, deixando assim menos de 60% para as tradicionais “renda fixa” e “renda variável”.
Se olharmos apenas para o mercado americano, esses números praticamente se invertem, com aproximadamente 60% em alternativos, enquanto na América Latina, o percentual de alternativos é de apenas pouco mais de 31%.
Essa distribuição não é uma indicação para a alocação de ativos de qualquer pessoa ou família, já que essa é uma decisão que passa por muitos fatores, como o perfil de investidor, o conhecimento e a experiência sobre os investimentos e a capacidade financeira. Aliás, esses números refletem a alocação das famílias com as maiores capacidades financeiras do planeta, o que desde já indica que o “cidadão comum” deve ler os dados com parcimônia.
Mesmo assim, cabe uma reflexão: será que nossa alocação de ativos tradicional não se mostra concentrada demais – até conservadora demais? Nossas taxas de juros, historicamente altas, e nosso baixo conhecimento sobre outras opções certamente contribuem para isso.
No entanto, outros estudos, como o Raio X do investidor da ANBIMA**, já demonstraram que existem mais pessoas (7 vezes mais!) “investindo” em casas de apostas de esportes ou mesmo fraudes como o “jogo do tigrinho”, do que investindo em ações na bolsa. Talvez isso indique que nos falte mostrar outras opções para os investidores, explicando suas características, riscos e potenciais de retorno.
Entendo que temos um longo caminho à frente, mas novas opções de investimento, como os precatórios, podem trazer características desejadas às carteiras de investidores de todos os perfis e tamanhos. Alguns exemplos bem-sucedidos incluem os fundos imobiliários, os ETFs e mais recentemente os FI-Agros e de infraestrutura, além dos BDRs, popularizando o acesso a ativos normalmente restritos às famílias mais ricas.
Novas oportunidades de investimento
Vemos também um movimento crescente de popularização do acesso a ativos como empréstimos P2P consignados em folha de funcionários públicos, ativos judiciais, como precatórios (tipicamente brasileiros), e até em Royalties de músicas ou projetos de filmes.
Cada um com suas características de liquidez, retornos e riscos, a tecnologia vem auxiliando nessa popularização, com destaque para a tokenização de algumas dessas opções como os precatórios, cujo tíquete mínimo deixou de ser de muitas centenas de milhares de Reais para algo tão pequeno quanto cem Reais!
Como agentes do mercado, considero ser parte de nossa missão essa democratização das opções de investimento antes restritas a grandes fortunas, de forma que também quem tem menos recursos possa se beneficiar dos benefícios de possuir uma carteira diversificada, com possíveis reduções de risco na busca por maiores retornos.